Não compre ingresso inteiro para Bon Jovi em Curitiba

(Por Fábio Nunes, responsável e criador da Friends Session)

Este post é para você que paga o dobro para entrar com ingresso inteira em eventos da Tickets for Fun ou Live Nation em Curitiba (e em outras cidades também, mas é que Curitiba continua invicta nesse aspecto) ou, pior, acaba deixando de ir no show que seria a realização do seu sonho porque você não se enquadra nas previsões da meia-entrada e tampouco tem condições de pagar o valor extorsivo de uma inteira. Sim, eu sou fã também, e tudo o que leva a isso me deixa muito puto (perdoem o meu francês).

E quero dizer que estou correndo alguns riscos aqui, especialmente de interpretação, e certamente de represália, só que quase 13 anos ao lado dos fãs em campanhas como o “Cambista do Bem” me obrigam a fazer isso agora.

Se a política das produtoras de não disponibilizar ingressos meia-entrada para shows em Curitiba para o atendimento a grupos me motivam a isso? Claro que sim, por mais que eles fizeram o mesmo em 2017 ou na última turnê dos Rolling Stones e Coldplay, por exemplo, e por mais que antes da união da PlanMusic (que trouxe todos os shows do Paul McCartney) com a T4F fosse sempre assim. Mas essa foi só a motivação. 

Eu sempre fui contra o que chamo de “Lei da Entrada Dobrada”, já me posicionei quanto a isso várias vezes (algumas delas em defesa dos produtores, até porque estive na pele deles). Qualquer pessoa que saiba calcular uma média ponderada e conheça a “flexibilidade ética” da nossa cultura de “comprovações alternativas” para merecer benefícios sabe que, mesmo com a lei mais recente permitindo cota de até 40% com desconto para estudantes, por conta de outros direitos (em Curitiba, por exemplo, soma-se doadores de sangue a idosos e professores que também tem direito ao benefício sem limite de cota), o que deveria ser o valor “real” de cada ingresso é divulgado enquanto meia-entrada, e aí os menos de 10% demais pagam o dobro (estatísticas históricas de Curitiba), recheiam os bolsos das produtoras, e constatam que sem qualquer fiscalização no acesso ao evento “todo mundo pagou meia”. E, mais uma vez, muito fã que faz a coisa certa sofre em casa assistindo vídeos toscos em stories de redes sociais (pois é… eu não sou nem um pouco fã de quem vai num show para assisti-lo em 5 polegadas de tela e atrapalhar a visão de todo mundo, mas isso é outro debate…). E sim, o Bus Session acaba vendendo menos vagas por causa disso, obviamente, também.

Diferentemente de outras produtoras que adotam a cota limite, a T4F e a Live Nation nunca fizeram isso em Curitiba. Elas sabem que as vendas simplesmente param quando esgota a cota, então ela lançam o valor dos ingressos mais altos para, na pior das hipóteses, fazer “Promoção 2×1” caso as vendas esfriem (e isso aconteceu em Black Sabbath, Roger Waters e Foo Fighters, em quase todos os setores). É uma espécie de lógica invertida de 1º lote, em que paga menos quem compra depois.

Se eu acredito que vai ter Promo 2×1 depois para Bon Jovi em Curitiba? Até acredito que sim, mas não quero que vocês se decidam por isso. O que eu posso dar quase certeza absoluta é que não haverá qualquer fiscalização de comprovação de meia-entrada no acesso ao show, porque isso nunca aconteceu em eventos da T4F e Live Nation em Curitiba, inclusive depois da nova lei de meia-entrada, inclusive no Paul McCartney (onde eu fiz esse mesmo post e todo mundo que leu e entendeu economizou). 

Por que eu sei disso? Porque muitas vezes a própria bilheteria deixava de fazer complementação de valor de ingresso (especialmente em shows esgotados) informando que não haveria fiscalização (e eu ficava com cara de tacho e passava por “picareta” com o meu cliente).

– “Ah, Fábio… Mas e se esse teu post fizer a Live Nation fiscalizar nesse show e eu comprar meia-entrada eu não vou conseguir entrar…”

Quem disse que não consegue entrar? Se esse post repercutir a esse ponto (o que não aconteceu mesmo com mais de 1.000 visualizações no Paul McCartney), além do óbvio orgulho, claro, seria uma dupla vitória:

  • terão que contratar mais colaboradores, gerando renda para muita gente que precisa;
  • os verdadeiros “picaretas” que falsificam suas comprovações (sim, esses vão me odiar) serão apenas obrigados a ir até a bilheteria e complementar o valor do ingresso;

E a lei garante que qualquer um que tiver um ingresso, inteiro ou meia, vai conseguir entrar. Simples assim.

Eu até acredito que, da mesma forma FDP que fizeram no Rolling Stones, eles podem limitar 1 meia por CPF e obrigar as compras online de meia-entrada a preencher um cadastro gigante que retarde a venda de meia-entrada enquanto a venda de inteiras acontece com muito mais velocidade, recheando o caixa enquanto os pobres estudantes sofrem para usufruir do seu (pseudo) direito. Stones deu até “big data” sobre isso.

Agora, quer saber o que eu aposto que vai acontecer?

Por conta de ser tão difícil operacionalizar e diante dos preços divulgados, qualquer um vai poder comprar meia-entrada no site, seja “Estudante” ou “Idoso e Demais Beneficiários”; qualquer um vai conseguir entrar no show sem ter que apresentar qualquer comprovação de benefício porque simplesmente não vai ter fiscalização (e aqui deixo claro que não estou incitando de forma alguma que vocês viabilizem “comprovações alternativas”, eu estou simplesmente recomendando que todo mundo compre no site ingresso meia-entrada, estudante, idoso… e acesse o evento somente com ele, porque a produtora não se importa com isso).

– “Ah, Fábio… mas e se tiver fiscalização o que vai acontecer?”

Mais uma vez, duvido muito que aconteça, pois nunca aconteceu. Mas se acontecer essa “pior das hipóteses”, é simples: basta ir até a bilheteria e complementar o ingresso, a lei prevê isso. E com uma grande vantagem: sobre essa diferença não vai ter taxa de conveniência, e aí é como se você tivesse 10% de desconto sobre o valor do site. Por exemplo, numa Premium Meia você vai pagar R$552 (R$460 + 20%) no site, e se precisar complementar na bilheteria vai ter só que pagar os demais R$460, economizando R$92 nessa brincadeira, gastando o total de R$ 1.012 em vez dos R$1.104 que gastaria comprando a inteira de cara no site. Mas, insisto, provavelmente você vai deixar de gastar R$552, vai deixar de pagar o dobro e vai entrar no show da sua vida pagando o que realmente ele vale na planilha de planejamento da produtora.

Em suma, você não tem nada a perder, só a ganhar.

Enfim… eu só não quero que você seja o “trouxa”. Porque eu não vou ser trouxa e incentivar uma política de atendimento a grupos que não nos permita sequer comprar uma cota de 40% em ingressos meia. Eu ajudo produtoras que pensam no fã, e mais uma vez a Live Nation deixou claro que não se preocupa com isso. Sei que vai ter agência de viagens oferecendo pacotes com ingresso até mesmo com ágio de uns 15%, mas o Bus Session não aceita jogar esse jogo.

– “E vai ter Bus Session?”

Sim, mas da mesma forma que para Paul McCartney em março, pelo menos agora somente ofereceremos transporte.

Espero que você consiga comprar a sua meia-entrada e pagar o valor justo para o seu sonho, e aí dia 27 de outubro…

A gente se encontra na estrada.

PS: Recentemente somamos R$1.680 referente a complementação de ingressos de clientes para os shows de Bon Jovi (2017), John Mayer, Ed Sheeran, Roger Waters e outros que teríamos pago na bilheteria para complementar meia-entrada (mas que no dia do show a própria bilheteria não fez o complemento porque não teve fiscalização alguma), e transformamos numa doação para o Projeto Resgate. Foi a solução que o amigo Makila Crowley sugeriu para não beneficiarmos somente alguns clientes para os quais tínhamos ingresso meia-entrada adquiridos quando da sua compra.

Não compre ingresso inteiro para Paul McCartney em Curitiba

(Por Fábio Nunes, responsável e criador da Friends Session)

Este post é para você que paga o dobro para entrar com ingresso inteira em eventos da Tickets for Fun em Curitiba (e em outras cidades também, mas é que Curitiba continua invicta nesse aspecto) ou, pior, acaba deixando de ir no show que seria a realização do seu sonho porque você não se enquadra nas previsões da meia-entrada e tampouco tem condições de pagar o valor extorsivo de uma inteira. Sim, eu sou fã também, e tudo o que leva a isso me deixa muito puto (perdoem o meu francês).

E quero dizer que estou correndo alguns riscos aqui, especialmente de interpretação, e certamente de represália, só que quase 13 anos ao lado dos fãs em campanhas como o “Cambista do Bem” me obrigam a fazer isso agora.

Se a política da Tickets for Fun de não disponibilizar ingressos meia-entrada para o Paul McCartney em Curitiba para o atendimento a grupos me motivou a isso? Claro que sim, por mais que eles fizeram o mesmo em 2017 ou na última turnê dos Rolling Stones, e por mais que antes da união da PlanMusic (que trouxe todos os shows do Paul McCartney) com a T4F fosse sempre assim. Mas essa foi só a motivação. 

Eu sempre fui contra o que chamo de “Lei da Entrada Dobrada”, já me posicionei quanto a isso várias vezes (algumas delas em defesa dos produtores, até porque estive na pele deles). Qualquer pessoa que saiba calcular uma média ponderada e conheça a “flexibilidade ética” da nossa cultura de “comprovações alternativas” para merecer benefícios sabe que, mesmo com a lei mais recente permitindo cota de até 40% com desconto para estudantes, por conta de outros direitos (em Curitiba, por exemplo, soma-se doadores de sangue a idosos e professores que também tem direito ao benefício sem limite de cota), o que deveria ser o valor “real” de cada ingresso é divulgado enquanto meia-entrada, e aí os menos de 10% demais pagam o dobro (estatísticas históricas de Curitiba), recheiam os bolsos das produtoras, e constatam que sem qualquer fiscalização no acesso ao evento “todo mundo pagou meia”. E, mais uma vez, muito fã que faz a coisa certa sofre em casa assistindo vídeos toscos em stories de redes sociais (pois é… eu não sou nem um pouco fã de quem vai num show para assisti-lo em 5 polegadas de tela e atrapalhar a visão de todo mundo, mas isso é outro debate…). E sim, o Bus Session acaba vendendo menos vagas por causa disso, obviamente, também.

Diferentemente de outras produtoras que adotam a cota limite, a T4F nunca fez isso em Curitiba. Ela sabe que as vendas simplesmente param quando esgota a cota, então ela lança o valor dos ingressos mais altos para, na pior das hipóteses, fazer “Promoção Quinta 2×1” caso as vendas esfriem (e isso aconteceu de Black Sabbath a Roger Waters, em quase todos os setores). É uma espécie de lógica invertida de 1º lote, em que paga menos quem compra depois.

Se eu acredito que vai ter Promo 2×1 depois para Paul McCartney em Curitiba? Até acredito que sim, mas não quero que vocês se decidam por isso. O que eu posso dar quase certeza absoluta é que não haverá qualquer fiscalização de comprovação de meia-entrada no acesso ao show, porque isso nunca aconteceu em eventos da T4F em Curitiba. 

Por que eu sei disso? Porque muitas vezes a própria bilheteria deixava de fazer complementação de valor de ingresso (especialmente em shows esgotados) informando que não haveria fiscalização (e eu ficava com cara de tacho e passava por “picareta” com o meu cliente).

– “Ah, Fábio… Mas e se esse teu post fizer a T4F fiscalizar nesse show e eu comprar meia-entrada eu não vou conseguir entrar…”

Quem disse que não consegue entrar? Se esse post repercutir a esse ponto, além do óbvio orgulho, claro, seria uma dupla vitória:

  • terão que contratar mais colaboradores, gerando renda para muita gente que precisa;
  • os verdadeiros “picaretas” que falsificam suas comprovações (sim, esses vão me odiar) serão apenas obrigados a ir até a bilheteria e complementar o valor do ingresso;

E a lei garante que qualquer um que tiver um ingresso, inteiro ou meia, vai conseguir entrar. Simples assim.

Eu até acredito que, da mesma forma FDP que fizeram no Rolling Stones, eles podem limitar 1 meia por CPF e obrigar as compras online de meia-entrada a preencher um cadastro gigante que retarde a venda de meia-entrada enquanto a venda de inteiras acontece com muito mais velocidade, recheando o caixa enquanto os pobres estudantes sofrem para usufruir do seu (pseudo) direito. Stones deu até “big data” sobre isso.

Agora, quer saber o que eu aposto que vai acontecer?

Por conta de ser tão difícil operacionalizar e diante dos preços divulgados, qualquer um vai poder comprar meia-entrada no site, seja “Estudante” ou “Idoso e Demais Beneficiários”; qualquer um vai conseguir entrar no show sem ter que apresentar qualquer comprovação de benefício porque simplesmente não vai ter fiscalização (e aqui deixo claro que não estou incitando de forma algum que vocês viabilizem “comprovações alternativas”, eu estou simplesmente recomendando que todo mundo compre no site ingresso meia-entrada, estudante, idoso… e acesse o evento somente com ele, porque a produtora não se importa com isso).

– “Ah, Fábio… mas e se tiver fiscalização o que vai acontecer?”

Mais uma vez, duvido muito que aconteça, pois nunca aconteceu. Mas se acontecer essa “pior das hipóteses”, é simples: basta ir até a bilheteria e complementar o ingresso, a lei prevê isso. E com uma grande vantagem: sobre essa diferença não vai ter taxa de conveniência, e aí é como se você tivesse 10% de desconto sobre o valor do site. Por exemplo, numa Premium Meia você vai pagar R$510 (R$425 + 20%) no site, e se precisar complementar na bilheteria vai ter só que pagar os demais R$425, economizando R$85 nessa brincadeira, gastando o total de R$ 935 em vez dos R$1.020 que gastaria comprando a inteira de cara no site. Mas, insisto, provavelmente você vai deixar de gastar R$510, vai deixar de pagar o dobro e vai entrar no show da sua vida pagando o que realmente ele vale na planilha de planejamento da produtora.

Em suma, você não tem nada a perder, só a ganhar.

Enfim… eu só não quero que você seja o “trouxa”. Porque eu não vou ser trouxa de e incentivar uma política de atendimento a grupos que não nos permita sequer comprar uma cota de 40% em ingressos meia. Eu ajudo produtoras que pensam no fã, e mais uma vez a T4F deixou claro que não se preocupa com isso. Sei que vai ter agência de viagens oferecendo pacotes com ingresso até mesmo com ágio de uns 15%, mas o Bus Session não aceita jogar esse jogo.

– “E vai ter Bus Session?”

Sim, mas da mesma forma que para Porto Alegre em 2017, somente ofereceremos transporte.

Espero que você consiga comprar a sua meia-entrada e pagar o valor justo para o seu sonho, e aí dia 30 de março…

A gente se encontra na estrada.

PS: Recentemente somamos R$1.680 referente a complementação de ingressos de clientes para os shows de Bon Jovi, John Mayer, Ed Sheeran, Roger Waters e outros que teríamos pago na bilheteria para complementar meia-entrada (mas que no dia do show a própria bilheteria não fez o complemento porque não teve fiscalização alguma), e transformamos numa doação para o Projeto Resgate. Foi a solução que o amigo Makila Crowley sugeriu para não beneficiarmos somente alguns clientes para os quais tínhamos ingresso meia-entrada adquiridos quando da sua compra.